terça-feira, 17 de dezembro de 2013

SALA DE INTERROGATÓRIO: GRUPO INTERPRETAR E APRENDER

Fala galera, tudo tranquilo?
Hoje voltamos com a nossa postagem de entrevistas e entrevistamos o pessoal do blog  Interpretar e Aprender. Você não conhece???  Meu amigo, corre e dê uma olhada lá.
http://grupointerpretareaprender.blogspot.com.br/

http://grupointerpretareaprender.blogspot.com.br/

 Um grupo que surgiu na Universidade de São Paulo formado por três estudantes do curso de História que tiveram o desejo de unir RPG e Educação. Além de poder se divertir jogando, se pode também educar crianças , jovens e adultos.
Vamos então a entrevista !


1° - Como surgiu o projeto de vocês?

 Daniel: À época, nós três trabalhávamos ou já tínhamos trabalhado com educação de alguma forma. Tínhamos acabado de concluir nossas licenciaturas e já havíamos jogado RPG juntos, mas não éramos, à época, um grupo de fato. Foi quando o Thiago lançou a ideia para uma amiga dele que era educadora e ela bancou a aposta de que poderíamos apresentar o RPG como instrumento educativo na bienal da escola em que ela trabalhava. Nós adoramos a experiência e decidimos nos tornar, de fato, um grupo, produzindo conteúdo em nosso blog e aventuras para escolas interessadas.

 Thiago: Quando minha amiga propôs uma aventura para 80 crianças já vi que não conseguiria sozinho. Logo pensei no Daniel e no Paulo pois joguei aventuras divertidíssimas com ambos e sabia que levavam jeito pra coisa. Não deu outra, dez estafantes horas depois de começarmos sabíamos que não poderíamos mais parar por ali.

 2° - Muito bom, e como vocês vêm a interação entre o RPG e a educação? 

 Thiago: O RPG apresenta soluções para vários problemas da educação atual: a autoridade falha de professores desmotivados, a falta de interesse de alunos desmotivados, a falta de escrita e leitura, a sistematização extrema e a desvinculação do conteúdo trabalhado com a vida em sociedade, e trabalho cooperativo, etc. Em si só ele traz, quando bem utilizado, benefícios que poucas ferramentas ou métodos conseguem suprir. Ainda assim, não pode ser tratado como uma solução única e definitiva.

 Daniel: Depois de nossas experiências em grupo e de algumas outras experiências particulares, bem como de algumas leituras, penso que o RPG é uma ferramenta extremamente poderosa, mas que não faz milagres e que ele pode atuar como complemento, mas não como um substituto às formas tradicionais de ensino de conteúdo. O RPG pode incentivar o aluno a querer aprender mais, a querer saber, mas é perigoso pensar nele como uma panaceia para os problemas educacionais. Dito isso, contudo, não se pode subestimar a ajuda que ele é capaz de empreender. Ele oferece uma plataforma interativa fantástica para a fixação de conteúdos e, sobretudo, oferece aos alunos a possibilidade de 'saírem de si', de considerarem outras perspectivas. Neste sentido, o RPG pode auxiliar a fomentar habilidades cognitivas difíceis de se trabalhar dentro dos limites da educação tradicional, como a empatia e a sensibilidade, ao mesmo tempo em que estimula a criatividade e a espontaneidade.

 3° - Vocês acham que ainda existe um certo tipo de preconceito na nossa sociedade acerca do RPG? 

Daniel: Com certeza, existe. Já foi muito pior, contudo. Hoje, ele sofre algum desprezo por ser uma forma de entretenimento que está um pouco fora de moda, por não ser virtual e nem envolver atividade física. É uma brincadeira que envolve um esforço mental que lida com habilidades importantes, mas que têm sido pouco estimuladas hoje em dia. É muito estranho pensar que, por exemplo, o League of Legends e o World of Warcraft, jogos conhecidos no mundo inteiro, extremamente populares entre jovens (e entre alguns dos alunos que tive), só são o que são porque foram construídos sob preceitos cunhados pelos jogos de RPG tradicionais, não-virtuais, tabletop, como dizem os anglófonos, mas que muitos de seus jogadores não tenham qualquer interesse nestes RPGs tradicionais por não quererem trabalhar aquelas habilidades cognitivas de que falei na última resposta. Por outro lado, creio que setores mais tradicionais veem o RPG com ressalvas pelo mesmo motivo que enxergam problemas em jogos de videogame, por exemplo, por associarem tais atividades a um passatempo de crianças e não terem interesse em aprender sobre ela. A questão do RPG como 'coisa do demônio' ainda deve existir, mas não creio que ela paute a opinião da sociedade como à época da tragédia de Ouro Preto. 

 Thiago: Eu vejo o preconceito acerca do RPG apenas no âmbito educacional. A geração que está formando os jovens adultos de nossa sociedade teve um contato muito grande com RPG´s ao longo da vida, principalmente com os vídeo-games. A escola, entretanto, ainda vê o RPG como uma ferramenta de entretenimento, como disse o Daniel, e não acredita na potencialidade do novo. É inegável que as novas tecnologias revolucionarão o ensino nas próximas décadas e a escola deve abrir-se para o novo.

 4° - O RPG deveria ser uma matéria escolar, ou mesmo um momento dentro das escolas de ensino fundamental visando estimular o aprendizado e leitura e a interação social?

 Daniel: Tenho algumas ressalvas quanto a torná-lo uma matéria ou algo assim. Acho que ele poderia ser uma oficina alternativa, um curso extracurricular, similar a um curso de teatro dentro de uma escola. Não questiono que ele possa estimular o aprendizado, a leitura e a interação social - ele pode e é eficaz neste sentido. Tenho dúvidas quanto a torná-lo algo obrigatório, sabe? Mas as experiências que tive foram quase todas positivas... Só que, ainda que seja uma forma muito mais estimulante de se passar conteúdo, não vejo como ela seria capaz de substituir totalmente uma aula expositiva, um trabalho, um exercício. Em uma escola adequada, com um número de alunos baixo e professores tanto bem motivados quanto bem assessorados pela direção escolar, estes métodos tradicionais ainda são mais eficientes. Por isso, tenho fé no RPG como um excelente acessório, mas não como "solução" para os problemas da educação. Estes, creio, passam antes pela valorização do docente, tanto financeiramente quanto funcionalmente.

 Thiago: Também tenho minhas dúvidas quanto à obrigatoriedade do RPG em sala de aula. Em nossas experiências, nunca houve um caso de recusa de participação. Claro que um aluno empolga-se mais que outro, mas todos sempre receberam bem a atividade. Não é difícil encontrar casos de sucesso quando o RPG é jogado no contra-turno como um curso extra-curricular. Mesmo sem inserir conteúdos escolares, há benefícios socio-cognitivos riquíssimos na prática do jogo de interpretação. Não acredito, entretanto, que deva tornar-se uma matéria. Há, cada vez mais, escolas democráticas extinguindo matérias. Acredito que o conhecimento se dá de forma transdisciplinar, e o RPG pode ser uma poderosa ferramenta nessa direção. É bastante claro, nas aventuras que criamos, a potencialidade de trabalhar-se conteúdos de várias áreas do conhecimento.

 5° - Qual é o maior objetivo do trabalho de vocês hoje ? 

Daniel: Em minha opinião, difundirmos o RPG como ferramenta educacional, explicarmos suas possibilidades e oferecermos nossos serviços às escolas interessadas.

Thiago: E me divertir enquanto faço tudo isso

  6º - Qual é o RPG preferido de vocês e por que? 

Daniel: Entre os sistemas que joguei, meus favoritos são o Sistema Daemon e o Unisystem, que são mecanicamente simples e eficientes, mas que também incentivam a interpretação por parte dos jogadores, mas tenho lido sobre outros sistemas e estou muito curioso para experimentar um chamado Burning Wheels - vou me presentear ano que vem com ele, creio. Já quanto a ambientação, gosto muito de criar as minhas próprias, mas, dentre as 'estabelecidas' a do oWoD é a minha favorita, de longe. Eu sempre volto para ela, em algum momento. O nWoD parece muito legal, mas me é difícil abandonar os Tremere, os Presas de Prata, a Ordem de Hermes...

Thiago: Meu preferido, sem dúvidas é o mundo das trevas. Foram as aventuras nas quais mais me diverti. O D&D também conseguiu me conquistar de alguma maneira. Mas o sistema ou o cenário de nada importam quando se está em um ambiente confortável e divertido. Comecei a jogar (e nem sabia que estava jogando) quando fizemos um simulador de Dungeon Keeper (aquele antigo mesmo) no papel no ensino fundamental II.

Galera foi muito bom poder fazer essa entrevista com o pessoal do Interpretar e Aprender. Espero que você também tenha gostado e lembrando  como é bom vermos que além de ser extremamente divertido jogar RPG, ele pode ser uma ferramenta na área da educação, desenvolvendo no indivíduo a criatividade e estimulando a interação social. Parabéns ao pessoal do Interpretar e Aprender, muito sucesso com a iniciativa de vocês, e mais uma vez aqui vai o blog do grupo e a página no facebook.  Visita lá e dê aquela  curtida!
http://grupointerpretareaprender.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/InterpretarEAprender?fref=ts
http://grupointerpretareaprender.blogspot.com.br/


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